Palavras discriminativas inibem pessoas ingênuas
Em alojamentos abarrotados de soldados
Graças à ditadura intelectual
Perigo racial destacado no jornal.
Com cartazes aliados a educação
O mundo destruído por uma nação
Guerrilheiros desanimados no porão
Mortes amargam-se sem perdão.
Eu faço guerra, guerra, guerra com as palavras.
Eu faço guerra, guerra, guerra sem as armas.
Tentando se mobilizar
Os soldados armados querem lutar
Lutar com sua psicologia, literatura e filosofia
Para que tenhamos uma junta militar
A paz está ameaçada
Pois o conflito está pra começar
Só que os guerrilheiros não querem aparecer
Assim não tem a quem combater
Se sobrevivermos à terceira guerra mundial
A quarta será a pedra e pau
E a quinta será apenas com as palavras
Eu faço guerra, guerra, guerra com as palavras.
Eu faço guerra, guerra, guerra sem as armas.
O mundo todo se aquece
E os Estados estão prontos para agir
Contra as manifestações da juventude
Que do passado não se esquece
De quando eram governados por cretinos
Nos conflitos contra a sociedade democrática nos países latinos
Eu faço guerra, guerra, guerra com as palavras.
Eu faço guerra, guerra, guerra sem as armas.
O ódio se alastra por cartas, livros e redações
E os remanescentes apreensivos nas bibliotecas
Dividem-se entre as estações
Agora estamos bem armados
E o mercado em crise financeira
Os discursos já foram firmados
Enquanto brigamos por poeira
Eu faço guerra, guerra, guerra com as palavras.
Eu faço guerra, guerra, guerra sem as armas.
Guerreiros guerreando pela paz
Já que a paz e a guerra estão em debate
Só depende de nós decidimos
Entre o futuro e o combate
Eu faço guerra, guerra, guerra com as palavras.
Eu faço guerra, guerra, guerra sem as armas.
Marcos Vicente Miranda Santos, Aracaju, 2006.